Eleições nas mídias sociais: a visão do eleitor
Por
Acácia Lima
As eleições estão se
aproximando e muito se tem falado sobre a conduta dos candidatos nas mídias
sociais. O que pouco se ouve é de que maneira o eleitor está enxergando esse
movimento nas redes em que, teoricamente, deveria haver apenas o
compartilhamento entre família e amigos.
Quando, em 1929, Frigyes
Karinthy escreveu "Correntes" - base para a teoria dos seis graus de
separação - e, em 1967 a teoria foi criada através de um estudo científico de
Stanley Milgram, ninguém podia imaginar que um indivíduo comum pudesse ter
acesso a celebridades, políticos e marcas como vemos hoje tão claramente.
Entendemos como funciona na prática, e de maneira muito simples, graças ao
advento do Orkut e, mais ainda, após a explosão do Facebook - em 2012, o grau
de separação caiu para 4,47 pessoas.
Assim como aconteceu com o
rádio e outras mídias - telefone, inclusive - logo entendeu-se que os veículos
que alcançam as massas deveriam ser utilizados para além da diversão. É
possível e necessário acrescentar informação e provocar desejos, oferecendo
sonhos e vendendo conceitos. Isso de chama marketing.
Já acostumado a receber
informações e divulgações de empresas e produtos em seu mural, o usuário das
mídias sociais agora se depara com uma nova investida: os "santinhos"
dos políticos invadiram o Facebook e Twitter e a campanha chegou às redes
sociais, antes mesmo de ir para a TV e rádio. E como o eleitor está reagindo a
tudo isso? Sem pesquisas oficiais sobre esse comportamento, portanto sem
números precisos sobre tal, observo diariamente a reação dos usuários e analiso
de que forma seria mais eficaz a abordagem dos políticos nas redes.
É possível perceber entre os
internautas uma forte resistência e uma tentativa de blindar-se, evitando,
assim, todo e qualquer contato político através das mídias sociais. O que é, ao
meu ver, um grande erro, pois, se o político pode, e deve, usar as redes para
promover-se, o eleitor também pode usá-la para conhecer seus possíveis
candidatos e fazer uma análise mais apurada sobre suas propostas.
Seria, dessa forma, mais
produtivo que cada candidato, ao invés de sair postando suas propostas e fotos,
"ouvisse" e pesquisasse o que os eleitores estão dizendo nas redes
sociais e quais são suas principais necessidades. Certamente assim, ele e sua
equipe teriam conteúdos mais objetivos e focados naquilo que mais aflige a
população e quais são seus interesses mais urgentes.
Um candidato a vereador, por
exemplo, através de ferramentas digitais específicas, consegue avaliar em quais
horários seu público é mais participativo e nesses períodos, então, colocar-se
à disposição para conversar. José Serra ficou conhecido por twitar durante as
madrugadas e tem conseguido boa audiência entre seus eleitores.
Outra observação importante
é que o eleitor deseja falar de política e não de eleições. Portanto, cabe aos
candidatos não limitarem seus posts a falar somente sobre sua proposta de
governo. E nada de agressões, também, pois ficou claro que a ética é
fundamental nas mídias sociais: o usuário bane pornografia e comportamento
agressivo e sem embasamento ético.
Em se tratando de uma rede
social é fundamental também não esquecer que ali estão pessoas. E pessoas
gostam de saber da vida de outras pessoas. O político deve lembrar-se,
portanto, de que é uma pessoa, antes de ser político, e que uma pitada de sua
vida pessoal causará empatia, se exposta com bom senso.
Para finalizar, assim como
qualquer outro amigo ou empresa, o candidato jamais deve demorar para responder
uma pergunta, crítica ou até mesmo sugestão. A mídia social só funciona se
houver interatividade e deve-se fazer uso dela, lembrando sempre que número de
seguidores não ganha eleição. O que ganha eleição é proposta de governo
devidamente elaborada e divulgada.
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