Secretaria de Desenvolvimento Social de Itamaraju quer mobilizar sociedade para retirada de jovens do lixão
NILSON CHAVES
Em outubro do ano passado a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social por intermédio do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) iniciou um processo de conscientização nas comunidades circunvizinhas ao lixão de Itamaraju com o objetivo de tirar do lixão os menores que trabalhavam naquele local sem nenhum tipo de proteção e tinham suas vidas postas em risco por conta do ambiente insalubre.
Os trabalhos de conscientização eram parte integrante do Projeto Criança Fora do Lixo, desenvolvido pelo PETI com o apoio da Prefeitura Municipal de Itamaraju e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Foram pensados a partir da informação de que, diariamente, dezenas de pessoas se dirigiam ao local onde era depositado o lixo do município, para trabalhar e garantir seu sustento.
Na ocasião foi observado que os moradores das proximidades do lixão, localizado próximo a pista de pouso de Itamaraju, manuseavam o lixo sem o uso de nenhum tipo de proteção, potencializando os perigos da exposição aos produtos radioativos, ao chorume e aos gases produzidos ali. Idosos, jovens e até crianças levadas pelos pais, participavam do trabalho.
Apesar de todo o empenho do município, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e do PETI, disponibilizando acesso direto aos programas mantidos pela Prefeitura às crianças e adolescentes, o trabalho enfrentou grande resistência e nenhuma criança ou adolescente foi retirada da atividade laboral danosa. Para a representante do PETI em Itamaraju, Selma Ribeiro de Oliveira, 40 anos, a razão do insucesso foi exatamente o fato de as famílias tirarem do lixo o seu sustento. “Eles relutaram em sair porque não tinham outra forma de sobreviver senão aquela”, explica.
Mas a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social não desistiu do objetivo. Para tanto, convocou uma reunião para esta terça-feira, 28 de abril, no Centro de Convivência do Idoso às 19 horas, com vários segmentos da sociedade, entre estes, representantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, entidades de classe e representantes da sociedade civil organizada com o intuito de mobilizar a sociedade em torno de uma questão que está acima de qualquer diferença política. Infelizmente nem todos os convidados se fizeram presentes.
A Câmara Municipal de Itamaraju, por exemplo, que como Casa do Povo deveria ter enviado pelo menos um representante, não enviou ninguém. O Judiciário também não. Mas esses e outros que não participaram dessa primeira discussão, terão uma nova oportunidade de contribuir para um projeto amplo que possa garantir às crianças e adolescentes que trabalham no lixão, outra forma de subsistência.
Oliveira destacou como positiva a reunião, “foi muito boa essa primeira discussão, já surgiram algumas sugestões muito interessantes, as pessoas que participaram hoje vão agora refletir sobre aquele problema e na próxima reunião certamente já teremos alguns encaminhamentos, mas é necessário que a comunidade como um todo, principalmente a iniciativa privada, se engaje nessa luta conosco, para dessa forma riscarmos do mapa de nossa cidade aquela situação vergonhosa e vexatória em que se encontram as crianças e adolescentes”, ressalta.
Estiveram representados na reunião, além da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, o Tiro de Guerra 06.025, CDL, APAE, Liga de Futebol, Conselho Tutelar, CRAS, SineBahia, e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo – SCFV. Uma nova reunião será agendada para os próximos dias. De acordo com Selma Oliveira, a intenção é ter um projeto de intervenção desenvolvido pela própria sociedade para ser apresentado no dia 12 de junho, quando se comemora o Dia Internacional da Erradicação do Trabalho Infantil.
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