Hospital Municipal de Itamaraju contabiliza 4,3 mil atendimentos, com 76 partos e 84 cirurgias gerais no mês de julho
NILSON CHAVES
Os dados extraídos do Sistema de Internamento Hospitalar revelam a importância do Hospital Municipal de Itamaraju para a população do município e da região. Apenas no mês de julho, com todos os problemas enfrentados, o HMI realizou 4.322 atendimentos, 58 partos normais, 18 cesarianas e 253 internações (82 obstétricas, 75 clínicas, 12 pediátricas e 84 cirúrgicas). A média de atendimento do HMI no mesmo período foi de 140 pessoas dia.
Os dados mostram também, que apesar dos problemas, a assistência não deixou de ser feita, ou seja, o hospital conseguiu ser útil a milhares de pessoas que dependeram dos serviços de saúde oferecidos ali. Apesar disso, o prefeito Manoel Pedro Rodrigues Soares não se mostra satisfeito, ele acredita que a Saúde ainda pode e deve melhorar.
“Eu quero dizer ao povo de Itamaraju, que nós não estamos parados, o Hospital Municipal é hoje a minha maior preocupação, eu mais do que ninguém quero que os serviços do HMI sejam oferecidos com a qualidade que nosso povo merece, temos feito inúmeras tentativas de melhorar o serviço e vamos continuar buscando uma solução, porque uma população inteira depende desse hospital, então ele tem que funcionar e funcionar bem”, disse.
Desde que assumiu, o gestor tem buscado de forma incessante a solução desse, que pode ser considerado o principal problema que aflige a população de Itamaraju. Nessa área, o atual prefeito fez inúmeros investimentos, reformou e construiu várias unidades básicas, inclusive, atualmente, está construindo uma unidade no Bairro Novo Prado. No HMI o prefeito autorizou reformas, adquiriu equipamentos e implantou um laboratório de análises clínicas dentro da unidade. Para custear a assistência à saúde, o município recebe recursos do Fundo Nacional de Saúde e dá sua contrapartida de 15%. Mas, além desses recursos, a Prefeitura investiu na Saúde, com recursos próprios, nos primeiros sete meses de 2014, de janeiro a julho, o montante de 797.859,97.
Uma prova de que o prefeito quer mudanças na qualidade dos serviços foram as recentes modificações na gestão da Saúde municipal. À cerca de 50 dias, objetivando melhorar os serviços de saúde oferecidos à população de Itamaraju, Manoel Pedro decidiu promover mudanças na Secretaria de Saúde do município. As modificações alcançaram desde o responsável pela pasta, até os coordenadores de vários setores geridos pela Saúde.
Para o cargo de secretária foi nomeada Gilma Silva Teixeira, pessoa conhecida pela sua competência e talento administrativo, foi assim que teve seu trabalho reconhecido à frente do setor de marcação de exames e consultas pactuados pelo município (Regulação). Gilma é graduada em Administração de Empresas e já foi secretária de Saúde de Jucuruçu.
Segundo ela mesma ponderou, seu maior desafio será o de promover uma transformação no funcionamento do Hospital Municipal de Itamaraju, “o prefeito já me deu carta branca pra fazer o que for possível para isso”, ressalta. O primeiro problema atacado pela nova secretária e pela nova coordenadora administrativa do HMI, Cristina Moreau, foi a falta de médicos na escala de plantões da unidade. De acordo com a secretária, o problema já está sendo resolvido.
“Eu sei qual o caminho que devo trilhar por conta de ser administradora de formação e por conta de ter trabalhado num setor que tinha muita relação com a gestão da Saúde. Da regulação, nós tínhamos as informações de receita e de despesa, dos custos com cada programa, enfim, o trabalho na regulação nos deu a condição de conhecer os problemas da saúde do município”, enfatiza Gilma.
A nova secretária já promoveu a aquisição de materiais de uso diário e equipamentos para o SAMU, dotando a unidade inclusive para atender a acidentes de grande porte. A equipe também está ganhando uniformes novos e a base local do SAMU está sendo totalmente reformada, com pintura interna e externa, reparos em portas e telhado, reparos na área externa e, a reforma da sinalização de entrada e saída de ambulâncias.
Vale destacar que o SAMU de Itamaraju funciona, não faltam macas nem pessoal, e as duas ambulâncias, a avançada (UTI móvel) e a básica, atendem 24 horas por dia. E o maior mantenedor desse serviço para a população é o município, porque o repasse federal só banca parte da equipe. Sem os recursos do município o serviço não estaria disponível à população.
O SAMU também está sob nova coordenação, à frente do serviço em Itamaraju está a enfermeira Iana Gomes Almeida de Moura, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Extremo Sul da Bahia (FACISA) em 2011. Iana já atuou como enfermeira na Policlínica e na Central de Regulação e Marcação de Exames.
PSF
A nova gestão da Saúde de Itamaraju também tem trabalhado para conseguir médicos que venham atuar nas unidades básicas de saúde de Itamaraju. Vale destacar que a unidade só é PSF quando tem um profissional médico cadastrado, mas o profissional só pode ter o seu nome vinculado a uma unidade básica, por isso é difícil encontrar médicos com essa disponibilidade.
Quando a unidade não tem médico cadastrado ela não é considerada PSF e não recebe recursos do Ministério da Saúde. O município acaba tendo que arcar com todas as despesas da unidade. Atualmente, das 16 unidades existentes na sede do município apenas 10 são PSF, as demais estão em atividade, inclusive com médicos atendendo, mantidas com recursos do município.
A secretária explica que mesmo com a unidade tendo um médico cadastrado e sendo um PSF (Posto de Saúde da Família), os recursos do Ministério da Saúde são mínimos e servem apenas para pagar o médico, “os demais funcionários e todas as outras despesas são custeadas pelo município”, conta. Atualmente Itamaraju dispõe de 16 unidades básicas na sede e mais 6 no interior.
Gilma esclarece que as unidades da URBIS-II, Jaqueira, São Domingos, Bela Vista, São Paulinho e Campo Alegre não têm médicos cadastrados, por isso, os médicos que atendem nesses locais são contratados e pagos pelo município. A Secretaria Municipal de Saúde tem buscado a solução para esse problema, mas assegura que é difícil encontrar médicos disponíveis, “não tem porque não tem médico mesmo, inclusive se alguém souber de um médico disponível manda vir que eu contrato na hora”, assegura.
Quanto ao atendimento na Policlínica Municipal Dr Gerson Luiz Nogueira Campos, esse mês duas novas especialidades estão sendo implantadas naquela unidade, psiquiatria e ortopedia, e mais quatro novas especialidades até o final do ano. Os problemas na área de ortopedia devem ser resolvidos com a contratação de um ortopedista, Dr Rodrigo, que, à princípio, vai atender ambulatório já neste mês de agosto.
Com essa contratação vai ser possível fazer pequenos procedimentos como tala e gesso, e, “se tudo correr bem, dentro daquilo que esperamos, a partir de setembro, deve ser disponibilizadas as cirurgias de menor complexidade (aquelas nas quais não há fratura exposta – fêmur ou artroscopia de joelho) como braço, dedos, cotovelo e perna”, pontua a secretária. Fazendo as cirurgias de menor complexidade, o HMI estará cobrindo mais de 80% de sua demanda total em ortopedia.
Outras mudanças
Como já mencionado, além da secretária Municipal de Saúde, outros setores da pasta também sofreram mudanças, como o próprio Hospital Municipal de Itamaraju, que está tendo a coordenação administrativa da enfermeira Ana Cristina Moreau de Almeida Soares, 45 anos. Cristina é bacharela em enfermagem pela Universidade Federal do Espírito Santo, com 24 anos de experiência profissional, sendo 12 anos em área hospitalar (no Hospital das Clínicas de Vitória-ES e no Hospital de Manhuaçu-MG) e 12 anos em Atenção Básica (2005 a 2008 como Coordenadora da Atenção Básica em Itamaraju).
O HMI também tem novo diretor clínico, está respondendo pelo cargo, indicado pela secretária Gilma, o médico anestesiologista José Roberto Penuela Albero, 48 anos. Formado pela Universidade Federal do Espirito Santo (UFES), Dr José Roberto já passou por hospitais conhecidos em todo o Brasil como o Sírio-Libanês em São Paulo. Em 2014 o médico comemora 22 anos de profissão.
Numa rápida conversa com nossa equipe, Dr José Roberto se mostrou otimista com a nova realidade vivida no HMI. O médico, que já reside no município a mais de 16 anos, exaltou a parte física do hospital classificando-a como “excelente”, “a estrutura física é o ponto forte do HMI”, disse, acrescentando que o melhor setor nessa estrutura é o centro cirúrgico, composto de duas salas, “os equipamentos, medicamentos, materiais utilizados, são os melhores da região, inclusive se comparado com Teixeira de Freitas, numa referência sala a sala, Itamaraju está melhor”, assegura. A vantagem de Teixeira, segundo o anestesiologista, é que lá são 6 salas de cirurgia e aqui são duas.
O novo diretor clínico do HMI também fez questão de enfatizar algumas ações implementadas com o objetivo de melhorar o serviço. Recentemente foi feito um trabalho de atualização da lista de medicamentos utilizados na unidade, com a inserção de medicamentos mais modernos e eficazes. Foi promovida a realocação de cada profissional para o setor onde ele é especialista, “não podemos ter um enfermeiro com especialização em pronto-socorro atendendo na maternidade ou um profissional com especialização em obstetrícia atendendo no pronto-socorro”, justificou.
Desfibrilador |
Em duas semanas como diretor clínico, o médico auxiliou na organização da escala de médicos, resolvendo mais de 90% dos furos. Além disso, com essa nova direção, foram adquiridos medicamentos e equipamentos como o desfibrilador. A unidade já tinha um desfibrilador no centro cirúrgico, mas faltava o equipamento no pronto-socorro. O novo desfibrilador foi adquirido com recursos da Saúde Municipal e já está em pleno funcionamento.
A direção do hospital também adquiriu novos lençóis para os leitos do HMI e, apesar do problema da falta de médicos, que já está praticamente resolvido, há de se destacar que a unidade não parou, os atendimentos à população não foram interrompidos e as cirurgias não deixaram de acontecer. Ocorreram nesse período as cirurgias gerais do abdômen, cirurgias ginecológicas e obstétricas, eletivas e de urgência, como hernioplastias, histerectomia, laqueaduras, perinis, apendicectomia, cesarianas, entre outras.
Mas, o novo diretor clínico do HMI reclamou de uma coisa, da falta de estrutura na região para o atendimento de especialidades como as neurocirurgias. Quem deveria atender, atende com muita dificuldade, que é Teixeira de Freitas, “mas nós entendemos que eles estão sobrecarregados”, defende.
Recentemente, o município de Teixeira de Freitas fechou às portas aos pacientes de outros municípios da região para os atendimentos de Neurologia e Ortopedia. Vale destacar que são serviços pactuados por Teixeira de Freitas com o estado e com o Ministério da Saúde. Em outras palavras, esses são serviços em que o município de Teixeira de Freitas recebe para realiza-los, mas o que recebe não é suficiente para custear os serviços.
No anúncio feito pelo secretário de Saúde de Teixeira, Eujácio Dantas, em abril deste ano, foi apontado como consequências da decisão, o alto custo de manutenção da estrutura.
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