Paciente fotografado com bolsa de soro não chegou a dar entrada no HMI

NILSON CHAVES

Uma matéria recheada de inverdades foi publicada em um site de Itamaraju ligado a um político da cidade e reproduzido por vários outros veículos do município. A matéria narra que um homem teria deixado o Hospital Municipal de Itamaraju segurando uma bolsa de soro e alegando que estava indo para casa porque na unidade não havia médico para lhe atender.

A matéria também afirmava que não havia segurança no HMI, que o paciente reside no Bairro Novo Prado, que sofre de epilepsia e teria sido levado para ser medicado. Informações que foram refutadas pela direção da unidade e pela equipe do SAMU que encaminhou o jovem para o HMI.

De acordo com a diretora administrativa do HMI, Cristina Moreau, o paciente sequer deu entrada na unidade, “ele chegou aqui por volta das 18 horas e 45 minutos de sexta-feira (25/07) trazido por uma equipe do SAMU e estava bastante agitado”, conta a diretora. Moreau fez questão de apresentar uma cópia do relatório feito pela recepcionista que atendeu o paciente. 

No relatório consta que o rapaz não apresentou nenhum documento, apenas informou o nome completo (A. F. C. F.) e a data de nascimento que confirma sua idade (20 anos). O Paciente foi socorrido pelo SAMU e conduzido para a unidade apresentando quadro de embriaguez e não por conta de epilepsia como foi divulgado na matéria. 

“Ele não apresentou nenhum quadro de convulsão”, relata a diretora. Por outro lado, se realmente sofre de epilepsia, como foi sugerido pela matéria, não poderia ingerir bebida alcoólica. O quadro de alcoolemia apresentado pelo paciente justifica por si só a administração do soro glicosado, feito pelos profissionais socorristas no primeiro contado com o paciente muito antes de chegar ao hospital. 

Cristina Moreau explica que o normal para esses casos é internar o paciente, aguardar a administração do soro e depois avaliar o quadro clínico do paciente para então decidir pela permanência dele na unidade ou pela alta hospitalar, entretanto o paciente não queria ficar, “ele se mostrou muito agitado, todas aqui, desde os enfermeiros, a recepcionista, o segurança, os socorristas do SAMU e até o médico tentaram acalmá-lo, mas ele não quis saber”, relata Moreau.

O rapaz, ainda sob o efeito da bebida, se mostrou muito agressivo e começou a se debater, chegou a agredir os socorristas do SAMU e depois saiu correndo do hospital indo em direção a um bar localizado nas imediações do HMI. Lá ele comprou uma bebida e um cigarro, inclusive, foi assim que ele foi fotografado por um dos sites, com a bebida em uma das mãos e o cigarro, junto à bolsa de soro, na outra. 

Como não conseguiu convencer o rapaz de que ele precisava de assistência médica e precisava também retirar o soro, a equipe do SAMU passou a segui-lo. Ele foi acompanhado de longe até sua residência, à Rua Rui Barbosa na Cidade Baixa. Naquele momento a equipe do SAMU pediu apoio da Polícia Militar que foi ao local e garantiu a assistência pelos socorristas, uma das fotos mostra o momento em que os socorristas conseguiram retirar o soro do paciente.

A diretora do HMI repudiou a forma irresponsável com a qual o episódio foi divulgado pelos sites, por conta das inverdades contidas na matéria. Só pra esclarecer, o texto afirmou que não havia médico na unidade, mas lá se encontrava o médico Orlandino Paixão; foi afirmado que não havia segurança no HMI, outra mentira, o segurança estava lá; também foi dito que o paciente residia no Bairro Novo Prado, quando ele reside mesmo na cidade baixa; e por fim, o texto ainda afirma que o rapaz foi socorrido porque precisava ser medicado, pois sofria de epilepsia, quando ele foi socorrido por estar alcoolizado.

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