Homem liberado pela PC de Itamaraju é um foragido da Justiça

POR NILSON CHAVES – RÁDIO TERRAMAR FM
Depois de muitas idas e vindas, informações desencontradas e erros de procedimentos por parte da polícia, a informação verdadeira vem à tona e deixa a população de Itamaraju de queixo caído.

Na manhã de terça-feira (04/06) o indivíduo Alex Santana de Jesus procurou o Departamento de Jornalismo da Rádio Terramar FM de Itamaraju (91,3) afirmando que sem nenhuma razão havia sido levado para o Complexo Policial local onde foi mantido preso por cinco dias, passou fome e, mesmo depois de liberado, se encontrava sujo, com fome e sem condições financeiras de seguir viagem.


Sensibilizada com a ‘estória’ contada pelo indivíduo e com o intuito único e exclusivo de ajudar ao “próximo” como tem feito ao longo dos anos (A Terramar FM é uma emissora que tem cumprido com o seu papel social) a rádio, por meio do Programa ‘A Região Agora’, veiculado entre 12h e 13h40min, tentou desfazer o que até aquele momento seria “um grande mal entendido”.

Em entrevista concedida em tempo real à emissora, Alex Santana de Jesus (24 anos), contou que nunca esteve preso antes, nunca havia matado ninguém e que estava viajando no ônibus da empresa São Geraldo, de São Paulo (local onde estava residindo) para Salvador (onde iria morar com uma irmã). Continuando seu relato, Alex contou que quando o ônibus chegou a Itamaraju ele desceu para fazer um lanche e foi abordado por policiais militares da 43ª CIPM.

Ele contou que na hora em que foi abordado apresentou seus documentos, provando que não se tratava de Gilberto Nascimento Cerqueira, homem foragido da Comarca de Almadina, cidade onde teria assassinado um jovem a golpes de faca, que estava sendo procurado pela PM. Alex ainda afirmou durante a entrevista que nunca havia estado em Almadina e também não conheceu ninguém com o nome de ‘Lucas de Jesus Santos’ (jovem assassinado por Gilberto).

Até aquele momento, tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil, acreditavam que o cidadão não devia a justiça e esse também foi o raciocínio da emissora, que chegou a providenciar uma refeição para o jovem supostamente injustiçado e, durante o programa ‘A Região Agora’, além de abrir o espaço para que Alex esclarecesse os fatos, ainda fez uma campanha com o objetivo de arrecadar valores que possibilitassem a aquisição da passagem para a capital baiana.

Quando tomou conhecimento da divulgação dos fatos, a Polícia Militar se manifestou por intermédio de uma nota encaminhada a imprensa regional pelo comandante da 43ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), Major PM Edmar Ivo Leão Junior, objetivando esclarecer a razão pela qual encaminhou o indivíduo até o Complexo Policial.

Na nota divulgada na quinta-feira (06/06) a 43ª CIPM negava que tivesse prendido Alex Santana de Jesus, 24 anos, por engano, informando que ele foi preso na noite do dia 29 de maio ao ser abordado no Terminal Rodoviário de Itamaraju por porte ilegal de arma branca, contravenção prevista no artigo 29 do decreto lei 3.688/41. O fato aconteceu por volta das 21h. Na ocorrência policial, divulgada pela PM, é informado que os policiais foram mesmo ao local abordar um suspeito de ser fugitivo de Almadina, depois de receberem denúncia pelo telefone, e encontram com ele uma faca. O próprio Alex teria dito, segundo a PM, que era da cidade e era suspeito de ter esfaqueado o companheiro. Mas, ao buscar pelo nome, os policiais não encontraram mandado de prisão contra ele.

"Considera-se legítima a ação dos policiais militares ao conduzi-lo para a Delegacia para fins de registro da ocorrência, tendo em vista que fora encontrada com ele uma arma branca que poderia colocar em risco a segurança dos demais passageiros", diz a nota, salientando que a 43ª CIPM não pode "se responsabilizar pela sua permanência ou não na Depol, após sua apresentação". 

A nota, assinada pelo comandante da companhia, dizia ainda que se Alex sentisse que houvera excessos por parte da polícia, que procurasse a Corregedoria ou o Ministério Público. Isso prova que naquele momento, para as polícias Militar e Civil, a bronca estava restrita apenas ao porte de arma branca, tanto que o indivíduo foi liberado pelo Delegado Gean Carlos do Nascimento.

Entretanto, Alex Santana de Jesus, 24 anos, não estava limpo como achavam as polícias Civil e Militar de Itamaraju, nem como pensavam os experientes profissionais da equipe de jornalismo da Rádio Terramar FM. Por meio da mídia; principalmente por conta de contatos entre jornalistas de Jequié e um profissional que atua em Itamaraju, mas que veio daquela cidade; chegou ao conhecimento de todos que Alex é um foragido da justiça. Ele cumpria pena na unidade prisional de Jequié, foi beneficiado pelo Indulto de Natal, saindo da unidade às 7h do dia 22 de dezembro de 2011 e não mais retornando, quando deveria estar de volta até às 18h do dia 28 do mesmo mês e ano.

Tendo em vista que segundo a própria PM, o INFOSEG foi consultado e não apontou nenhuma restrição; tendo em vista que segundo o próprio delegado da Polícia Civil, vários contatos foram feitos e todas retornaram “negativas”, esse acontecimento deixa transparecer a fragilidade do ‘Sistema de Segurança Pública’ da Bahia.

Quando a equipe de Jornalismo da Terramar FM tomou conhecimento de que Alex devia sim a justiça, procurou o delegado, esperou por um longo período em sua antessala, no entanto não foi recebida pelo bacharel.

O curioso é que, depois de pedir desculpas publicamente pelo engano cometido, a equipe de jornalismo da emissora foi surpreendida por um vídeo gravado pelo delegado e postado em um site de Itamaraju onde o mesmo tenta responsabilizar a emissora por tudo que aconteceu. No vídeo, o delegado Gean Nascimento afirma que “a população às vezes se deixa levar por alguns meios de comunicação que sem a cautela necessária divulgam fatos que não são verdadeiros” e ainda acrescenta que “a população caiu num golpe por uma falsa informação”.
Veja o Vídeo publicado no site Itamaraju Notícias

A Emissora Terramar FM deixa claro que não divulgou fatos sem cautela, pelo contrário, divulgou fatos respaldados pela própria Polícia Civil que liberou o indivíduo dando a entender que se tratava de um “INOCENTE”. Se houve golpe, como o delegado afirmou, a emissora também foi vítima desse golpe, e quanto à informação falsa, esta partiu da Polícia Civil de Itamaraju que liberou um foragido da justiça. Se a Polícia Processante verdadeiramente cumprisse com o seu papel e não liberasse um foragido da justiça, ele não teria procurado a emissora e nada do que aconteceu teria acontecido. O que é inaceitável é que agora, quem mais errou queira posar de bonzinho e dono da razão.

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