Apesar do atraso no cronograma, obras da Delfa devem ser concluídas até o mês de julho

NILSON CHAVES



Os gaúchos Manoel Trajano Junqueira dos Santos e Rafael Sinhorelli Pandolfo, diretores da Delfa, empresa com matriz no Distrito Industrial de Maracanaú, estado do Ceará, que está em processo de instalação em Itamaraju, voltaram à cidade na última semana, desta feita, para acompanhar de perto a execução do projeto. 

Eles chegaram na quinta-feira (09/05) e viajaram de volta no dia seguinte. Nessa estada fizeram questão de ver como estava o andamento da obra e participaram de várias reuniões com representantes do município e da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (SUDIC), órgão ligado a Secretaria da Indústria – Comércio e Mineração do Estado da Bahia, com o objetivo de definir responsabilidades e cobrar aceleração no processo de construção.

O diretor Rafael Sinhorelli Pandolfo, 32 anos, disse em entrevista, o que todos já sabiam, que o cronograma de implantação está muito atrasado. Segundo ele, os galpões deveriam estar montados em janeiro passado, mas a obra está ainda em processo de fundação. Para o prefeito Manoel Pedro Rodrigues Soares (PSD), vários fatores colaboraram para o atraso, um deles foi a assinatura do convênio cinco meses antes da eleição (1º de junho de 2012), “nós até pensamos em começar os trabalhos de terraplanagem imediatamente após a assinatura do convênio, entretanto em reunião com minha equipe, eu fui alertado que isso poderia nos trazer problemas com a justiça eleitoral, por isso, resolvemos esperar”, conta o prefeito, acrescentando que outros fatores também foram determinantes para o atraso, “mas eu não culpo o Governo do Estado por isso, o importante é que a obra está andando”, disse.

Para tirar o atraso, a Prefeitura ficará atenta ao cumprimento do novo cronograma e a empresa executora do projeto, Ilha Bela Empreendimentos, se comprometeu em implantar uma escala de trabalho que possibilite expediente de 24 horas por dia. Além disso, os diretores da Delfa estarão vindo com mais frequência ao município, porque, segundo Rafael Pandolfo, a empresa quer começar as atividades em Itamaraju já no mês de agosto, “vamos nos instalar aqui e começar a produzir assim que tudo estiver pronto, em condições de nos abrigar”, pontua o diretor.

Em entrevista concedida no local onde está sendo implantada a nova fábrica, uma área de 15 mil metros quadrados próximo ao Parque de Exposições Manuel Pereira, onde seria instalada à Dakota, o prefeito Manoel Pedro mais uma vez afirmou que o empreendimento é um sonho do povo de Itamaraju por conta do grande número de empregos que irá gerar.

“Aqui nós sofremos com a falta de vagas de emprego, tínhamos a madeira, mas a madeira acabou; tínhamos o cacau e acabou; o café emprega muita gente, mas por um período muito curto; por isso precisávamos de um empreendimento desse porte”, enfatiza o prefeito, acrescentando que além da Delfa, uma empresa que produz placas de circuitos eletrônicos também deve se instalar na mesma área. 

“Essa outra empresa não vai gerar um grande volume de empregos, mas vai atrair outras empresas para Itamaraju, toda documentação já está pronta, os equipamentos inclusive já foram comprados e aguardam no Espírito Santo, e, o processo de instalação deve se dar até o final deste ano”, destaca o gestor.

A filial de Itamaraju da Delfa foi planejada para ser tão grande quanto a matriz e gerar o mesmo número de empregos, 850, entretanto, Rafael Pandolfo explica que na implantação, a empresa vai contratar grupos de 150 funcionários, “vamos iniciar com 150, eles serão treinados e começarão a trabalhar, só então chamaremos mais 150, faremos assim e, se tudo correr como a gente espera, em um ano, um ano e meio no máximo estaremos com um número grande de funcionários, próximo dos 700”, ressalta o diretor.

A Delfa vai utilizar 8, dos 15 mil metros quadrados que seriam destinados a Dakota. A área edificada será maior que 6 mil metros quadrados. Só o galpão principal (125 metros X 40 metros) ocupará uma área de 5 mil metros quadrados. Ele será destinado a produção final e é um dos 4 galpões que estão sendo construídos como parte do convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Itamaraju e a Secretaria Estadual da Indústria – Comércio e Mineração (SICM), no valor total de R\$ 2,6 milhões, onde o estado entra com R\$ 2 milhões e PMI com o restante em contrapartida.

Além do galpão principal já mencionado serão construídos outros três, o de Espumação e o de Tecelagem (ambos com aproximadamente 500 metros quadrados), e, o da Administração (menor galpão), que irá abrigar a parte de escritórios. Nesses galpões a Delfa vai produzir a matéria prima principal utilizada na fabricação do bojo, que são a espuma de poliuretano e o tecido de poliéster, além de montar o bojo que será vendido a fábricas de lingerie e biquines de todo o país. Rafael Pandolfo também se mostrou confiante que outras empresas, fornecedoras e consumidoras da Delfa, venham a se instalar em Itamaraju, assim como ocorreu quando a Delfa se instalou no Ceará.

Um quinto galpão, com 300 metros quadrados, deve ser implantado pela Delfa onde irá funcionar o refeitório. Também ficaram de fora do projeto, a construção das guaritas de segurança, muros de isolamento, pavimentação do acesso ligando a área à BR-101, e a subestação de energia com um grupo motor gerador, sala de transformadores e sala de compressores. Esse é um problema a ser equacionado pela Prefeitura de Itamaraju e Governo do Estado até a conclusão da obra de implantação.

O engenheiro da empresa Ilha Bela Empreendimentos, Antonio Claudio Fagundes, responsável pela obra, contou a nossa equipe que o galpão maior deve ser levantado e coberto em 45 dias. Ele confirmou que a obra está em estágio de fundação, ou seja, está sendo implantada a base de toda estrutura, “estamos aguardando a chegada de uma usina de concreto, isso vai dar maior agilidade a conclusão dessa fase da obra”, enfatiza. Após a fundação, que deve ficar pronta em 20 dias, serão implantados os pilares e a cobertura, feitos em aço. Na ocasião da montagem da estrutura metálica, que já está sendo construída (40% pronta) a empresa executora deve contratar uma equipe especializada com guindaste e muncks. Depois disso vem a parte de alvenaria e o piso, que será feito de concreto armado e polido, conhecido como piso industrial.

Durante a visita ao local onde está sendo implantada a Delfa, em companhia dos secretários de Administração – Joãodervan Cerqueira, Governo – Luciano Porto e Obras – Francesco Scarpelino (Frei Chico), o prefeito Manoel Pedro afirmou que gostaria que toda a população de Itamaraju pudesse visitar e ver a construção dos galpões. Algo absolutamente impossível de acontecer, mas completamente compreensível. O prefeito disse isso, porque, quando a Delfa foi anunciada por ele em dezembro de 2011, muitos não acreditaram, chegando a afirmar que a informação passada pelo prefeito era mais um ato político que não se tornaria realidade.

Em janeiro de 2012, os diretores da Delfa estiveram em Itamaraju para referendar o interesse em ter uma filial da empresa no município, chegando a se reunir com o prefeito no Hotel Monte Pascoal onde foi assinado um protocolo de intenções, mesmo assim, os bombardeios continuavam, “isso é mais uma enganação desse prefeito, essa Delfa é mais uma Dakota, eles querem enganar o povo mais uma vez”, disse na ocasião um certo candidato.

A ficha só veio a cair para muitos, depois que o secretário da Indústria – Comercio e Mineração, assinou o convênio com o município para implantação da empresa na presença do deputado federal Valmir Assunção e do secretário da Casa Civil, Rui Costa. A época, Assunção chegou a dar entrevista numa rádio de Itamaraju anunciando a já anunciada vinda da Delfa, como se ele fosse o primeiro a falar sobre o assunto. Só assim, os que insistiam em não querer acreditar, deixaram a incredulidade de lado e tiveram que aceitar que o empenho do atual gestor foi verdadeiro e o fruto também é.

Criada em 2003, a Delfa é uma das maiores e mais importantes fornecedoras de insumos para a indústria têxtil do Brasil. Seu parque fabril foi desenvolvido especificamente para a produção de bojos (partes da frente dos sutiãs), com o máximo em tecnologia, controle de processos e compromisso com a qualidade em todas as etapas.

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