Universitários de Prado vão a Câmara cobrar providências quanto ao transporte

NILSON CHAVES - COCOBONGO

Desde que voltaram a estudar, os cerca de 100 estudantes universitários de Prado que frequentam faculdades em Teixeira de Freitas acompanham pela mídia, as notícias do problema da falta de qualidade no transporte, situação da qual as maiores vítimas são eles. Como até o momento a Prefeitura Municipal de Prado não resolveu o problema, temendo por suas vidas e por eventuais prejuízos causados pelas faltas, os alunos que estudam na FASB (Campus I e II), UNOPAR, Pitágoras e UNEB, resolveram ir a Câmara cobrar uma providência dos representantes do povo. 

Sentados, todos juntos e trajando roupas pretas, os alunos acompanharam toda a sessão e viram quando o vereador Gilvan da Silva Santos (PC do B) usou a tribuna para falar de uma proposição de sua autoria, o Projeto de Lei 005/2013 que institui o transporte universitário gratuito e dá outras providências. De acordo com o vereador, sua iniciativa visa resolver definitivamente um problema que já se arrasta a mais de um mês, “já estamos falando em várias sessões e, mais uma vez, a história se repete, o ônibus voltou a quebrar, os alunos já não sabem mais o que fazer e, eu gostaria de saber o que se passa na cabeça dessa prefeita que, mesmo sabendo do problema, não toma nenhuma posição, será que está esperando acontecer algum acidente pra tomar providências”, questionou. 

A colega de partido do vereador Gilvan, professora Bruna Giorno Bomfim Santana, mais uma vez pediu, por meio de requerimento, a troca dos ônibus que estão fazendo o transporte dos alunos universitários de Prado para Teixeira de Freitas. Em um momento da sessão, Bruna pediu aos estudantes universitários que se levantassem, e afirmou aos colegas, “essa é uma parte dos universitários do município, eu acho que isso já virou uma novela, muito mal escrita por sinal, com relação ao transporte desses estudantes, já está ficando repetitivo, redundante, mas existe um ditado popular que diz, água mole em pedra dura tanto bate até que fura, e, se depender de mim, a pedra vai furar”, afirmou se referindo a solução para o problema dos ônibus que estão quebrando constantemente. 

A vereadora também afirmou que não consegue entender por que diferenças políticas são mais importantes que as vidas das pessoas e, aproveitou o problema dos universitários, para cobrar a ajuda de custo dos estudantes da “Plataforma Freire”, um programa de formação continuada destinado aos professores da rede pública. De acordo com a vereadora, os alunos da Plataforma que estudam na ‘Universidade Aberta do Brasil’ em Itamaraju, não estão tendo acesso a essa ajuda. Ainda segundo a professora Bruna, uma parte dos 40% do FUNDEB pode ser usado para esse fim. A vereadora fez questão de destacar que na gestão passada os cerca de 20 professores, concursados a mais de cinco anos, recebiam a ajuda. 

Roberto de Oliveira Dias (PP) foi mais um vereador que apoiou a iniciativa dos estudantes universitários, criticando o ato do Executivo de desempregar o povo de Prado para dar o transporte a uma empresa de fora, “nós tínhamos a Dora e o Zaqueu que prestavam um serviço de qualidade e ainda entregavam nossos alunos de casa em casa, olha o perigo, essa empresa deixa os alunos num posto de combustível e eles tem que seguir, altas horas da noite, a pé, até suas residências, não dá pra compreender”, ressaltou. 

Já o vereador Augusto Jose Barreto Rodrigues (PP) defendeu que os alunos registrem uma queixa na polícia, “vidas, é importante, vidas, é essencial, e se há ameaças de vidas é caso de polícia, então no registro aqui das dificuldades e das impossibilidades de chegar a Teixeira em segurança, é preciso um registro até policial, pra ter a quem responsabilizar em caso de uma tragédia”, destacou. 

Com tom apaziguador, o vereador Diógenes Ferreira Loures, o ‘Jorginho’ (PTC), afirmou que ouviu do secretário de Obras, que a Prefeitura está providenciando um ônibus seminovo para fazer o serviço, “me falaram que estão providenciando a documentação para o ônibus vir”, disse. Apesar de não poderem fazer uso da Tribuna Livre por conta das regras definidas no Regimento Interno da Casa, os estudantes universitários aproveitaram o momento em que a sessão foi suspensa para emissão de pareceres das comissões, e, fizeram uma rápida reunião com o presidente Alfredo Gonthier de Almeida – ‘Alfredinho’ (PSC). 

Na reunião, os estudantes detalharam a real situação do serviço de transporte oferecido a eles pela Prefeitura, afirmando que os ônibus (são dois) não possuem cintos de segurança, os bancos estão quebrados e soltos, banheiros que não funcionam, sem saídas de emergência, completa e total falta de higiene, pois o lixo da semana passada continua no ônibus, e os problemas mecânicos como falta de alinhamento são perceptíveis durante a viagem. 

Os estudantes desconfiam inclusive que o condutor não é habilitado para esse tipo de transporte, haja vista que o motorista faz muitas manobras arriscadas durante o trajeto, “o motorista não é qualificado para o transporte, nós que não dirigimos percebemos isso”, disse uma aluna. Segundo os alunos, já trocaram vários ônibus e substituíram os motoristas também, mas a qualidade do serviço continua a mesma, péssima. Eles pagavam R$ 140 mensais pelo transporte, agora pagam R$ 120, mas a prioridade, segundo os próprios alunos, não é o transporte gratuito, mas o transporte de qualidade. 

“Nós tínhamos confiança no trabalho de Petrúcio, o serviço era de qualidade, e a van de Dorinha também, esse ônibus que colocaram pra gente já quebrou quatro vezes em duas semanas”, disse um dos alunos, questionando sobre quem são os proprietários dos ônibus, “se acontecer alguma coisa a gente não sabe nem pra quem recorrer”, conclui. 

Os universitários ouviram do presidente Alfredinho que a Câmara tem cobrado, “eu não sei porque a Prefeitura ainda não resolveu essa situação”, disse, se comprometendo em sair da Câmara direto para um encontro com a prefeita Mayra no sentido de buscar uma solução urgente e imediata para o problema. O presidente ainda ouviu de um dos estudantes que “o problema tem que parar de ser novela na Câmara e se tornar ferramenta de aplausos para os vereadores, a gente agradece”. Quanto às vestimentas na cor preta, os alunos informaram que aquilo representa o luto em vida, “isso é pra alertar a prefeita que estamos de luto em vida, mas se acontecer alguma coisa, nossos familiares é que estarão de luto”, concluiu.

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