Prado: Água do Tombador não chegará a pelo menos 50 casas

NILSON CHAVES - COCOBONGO 

Há muito tempo que os moradores da comunidade do Tombador, no município de Prado, esperam pela implantação de um sistema de abastecimento d’água. Um sistema descente, que leve o líquido precioso até as torneiras de cada residência. As cerca de 70 famílias que moram naquela região são, em sua maioria, pessoas de baixo poder aquisitivo, que estão sendo obrigadas a andar centenas de metros com balde d’água na cabeça, às vezes dando várias viagens, tudo pra poder concluir seus afazeres domésticos, como a limpeza de suas casas, lavar a louça e a roupa, e cuidar da higiene pessoal. 

Quem tem alguma condição, implanta um poço artesiano ou faz como um dos moradores, que transporta a água em grande quantidade, de Itamaraju para sua propriedade, mas a maioria dos moradores do Tombador não tem essa condição. A população formada por crianças, jovens, adultos e idosos, em alguns casos até pessoas portadoras de necessidades especiais, tem vivenciado dias de sofrimento por conta da falta d’água. 

A equipe do Portal Cocobongo atendeu ao convite dos moradores e se deslocou até a comunidade do Tombador, um lugarejo que, apesar de pertencer ao município de Prado, está muito mais próximo de Itamaraju, cerca de sete quilômetros. Para se chegar ao Tombador, basta seguir de Itamaraju para Prado pela rodovia BA-489, aliás essa é a rodovia que corta a localidade. Durante a visita, nossa equipe acompanhou vários moradores transportando água na cabeça, uma situação que poderia não estar acontecendo, se os gestores agissem com seriedade e responsabilidade. 

Até poucos dias atrás a comunidade estava vivendo a expectativa de ter o problema da falta d’água resolvido, porque na época da campanha política, a então candidata Mayra Pires Brito (PP) estivera no povoado, visitando cada morador, ocasião em que se comprometeu em resolver o problema. De acordo com os moradores, a prefeita, na época candidata, garantiu que se fosse eleita, um dos primeiros feitos de sua administração seria implantar um sistema de água que atendesse àquele povo. No início do ano foi feito um levantamento com o cadastramento de todos os moradores, inclusive foram recolhidos os documentos e as assinaturas dos que seriam, teoricamente, beneficiados. 

A expectativa dos que residem no Tombador aumentou ainda mais quando a comunidade foi informada que aconteceria uma reunião na Escola Municipal Firmino Ferreira de Jesus, para tratar da implantação do novo sistema. Lamentavelmente, os associados da Associação de Moradores do Tombador, que estavam presentes na reunião, ocorrida na última terça-feira, dia 12 de março, às 15 horas, ouviram do técnico, que estará à frente na execução do projeto, que mais de 50 casas do lugarejo não receberá a tão esperada água encanada. Alguns moradores até ironizaram, “a água veio sim, trouxeram um balde de água fria pra jogar na nossa esperança”. 

O poço com vazão suficiente pra resolver o problema da comunidade foi perfurado pela CERB (Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia), órgão ligado a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, e está localizado a aproximadamente 200 metros da escola da comunidade, próximo a um riacho. De acordo com o projeto apresentado aos moradores, a água vai ser bombeada para um reservatório localizado a três quilômetros de distância, na região da fazenda que pertencia a Barreto, próximo à fazenda Monte Belo, e, deste reservatório, a água será distribuída para algumas propriedades, por gravidade, até chegar à escola. 

Quando os moradores ouviram que a água só viria até a escola, ficaram indignados e se retiraram da reunião. Não é por menos, estão pretendendo implantar um sistema de distribuição de água para atender a comunidade do Tombador que não leva água para a maioria dos moradores, ou seja, não atende a comunidade, uma incoerência sem precedentes. O mais absurdo é que o poço possui vazão e o sistema por gravidade tem capacidade pra abastecer até uma população 50% maior, entretanto não se sabe por que o novo projeto não contempla a toda a comunidade. Os moradores reclamam que o serviço vai beneficiar a apenas 20% das residências, em sua maioria, pessoas com boa condição financeira, deixando mais de 50 casas, sem acesso a água. 

Os moradores informaram que o ex-prefeito, Wilsinho Brito, tem propagado aos quatro ventos que a comunidade do Tombador já tem água encanada, por isso, os moradores desconfiam que para o poder público, a água já está como implantada. Essa confiança ganha mais força se for levado em consideração que em 2008, o então prefeito e hoje secretário de Desenvolvimento e Integração Regional do Estado, Wilson Alves de Brito Filho, iniciou a implantação da água na comunidade, chegando inclusive a perfurar um poço artesiano, mas, como o candidato apoiado por ele perdeu a eleição, ele mandou parar tudo. 

O poço só foi concluído e a bomba instalada porque os moradores se uniram em regime de mutirão e chegaram a arcar com as despesas da implantação, mesmo assim, a tubulação acabou não sendo implantada, porque segundo os moradores, todo o restante do material foi levado embora. 

A situação só não está pior na comunidade, porque uma moradora, dona Maria D’Ajuda de Jesus Roque, mais conhecida como Maria do Pandeiro, está cedendo a água aos moradores, “o problema é que eu não tenho condição de manter a bomba funcionando pra atender todo mundo, minha conta de energia vinha de R$ 18,00 até R$ 25,00, agora estou pagando R$ 120,00, por causa da bomba”, explica, pedindo a prefeita Mayra que se sensibilize com o problema e vá até a comunidade para buscar uma solução. 

Dona Maria do Pandeiro, inclusive, já pediu voto para Wilsinho e para os candidatos apoiados por ele, “as pessoas que estão reclamando são as pessoas que ajudaram a eleger Mayra, então, ninguém está aqui pra fazer política, mas pra cobrar que a Prefeitura dê pelo menos uma satisfação ao povo do Tombador”, defende seu Evaldo, outro morador da comunidade. Para os moradores, a prefeita deve fazer o que fez durante a campanha, “talvez ela não tenha conhecimento do que está acontecendo aqui, então que ela venha ao Tombador e converse com os moradores”, pondera uma jovem que pediu pra não ter o nome divulgado. Os moradores informaram que se a prefeita não se dispuser em resolver o problema, eles irão até a Prefeitura Municipal de Prado. 

Os moradores do Tombador reclamam também que a escola da comunidade, que funcionou até o final do ano passado com aula nos três turnos, está desativada, por falta de água e luz, e, os cerca de 30 alunos que frequentavam a escola, estão sendo obrigados a estudar em Guarani, todos, numa única sala, mais uma situação de alunos do Jardim com os da 4ª série, juntos num mesmo ambiente. 

A mudança tem causado prejuízo à educação do município, porque alguns estudantes não estão indo, pois são muito pequenos e os pais ficam preocupados em deixa-los sozinhos. O detalhe é que o ônibus que foi disponibilizado pela Prefeitura está em situação precária, com o lastro quebrando e a porta não fecha, inclusive a situação é tão periclitante que o veículo, [uma sucata], quebrou na quarta-feira passada próximo a Caulim e os alunos tiveram que seguir viagem a pé. 

Além disso, o transporte que era disponibilizado aos alunos que estudam em Guarani no período noturno, foi retirado, e agora, eles têm que ficar dependendo da boa vontade do motorista do ônibus que transporta os alunos da Limeira, isso tem desmotivado alunos e causado muitas desistências. Sem falar no abrigo de ônibus, que desabou depois de ser atingido por um veículo em um acidente e precisa ser reconstruído. 

Os moradores da Associação Santa Fé, uma comunidade próxima do Tombador, também estão sem água e sem energia. Apesar de a rede elétrica passar a poucos metros do lugarejo, os moradores vivem às escuras. Eles informaram que a prefeita Mayra se comprometeu durante a campanha em resolver o problema da falta de energia e, só assim, será possível resolver o problema da falta de água, que inclusive já tem o projeto aprovado. Os moradores da Santa Fé usavam a água de uma nascente, mas a nascente secou, por isso estão sem água, alguns inclusive, já deixaram suas residências por conta da falta do líquido precioso. 

Editorial Portal Cocobongo 

O Portal Cocobongo esclarece que está trazendo esses problemas à tona, porque são problemas que tem causado desconforto a essas comunidades. O objetivo do nosso trabalho é buscar uma solução para os problemas e propiciar às comunidades mais carentes a tão sonhada “justiça social”, com acesso, a educação, a saúde e aos serviços públicos de qualidade. Vamos continuar fazendo o nosso trabalho, apesar de as nossas notícias não estar agradando a alguns poderosos e outros apaixonados pelo político A, B ou C. Com a consciência tranquila de estar fazendo a coisa certa, não vamos nos intimidar com nenhum tipo de comentário, pelo contrário, os dardos inflamados dos que só pensam no próprio umbigo só estão nos estimulando a continuar nos empenhando para resolver os problemas que assolam o povo mais humilde da cidade de Prado. Por conta disso, uma cópia dessa matéria, bem como os relatos em áudio e vídeo dos moradores, serão encaminhados para o Diretor Presidente da CERB (Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia), Bento Ribeiro Filho, e para o titular da Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia, Eugênio Spengler, para que medidas sejam adotadas no sentido de se resolver o problema dos moradores do Tombador.

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