Embates entre vereadores de Prado tornam sessões mais acaloradas

NILSON CHAVES - COCOBONGO

É pouco provável que estejam ocorrendo nas Câmaras da região, sessões tão acaloradas como as da Câmara de Prado. Por conta da decisão da prefeita Mayra Pires Brito (PP) de investigar possíveis irregularidades na realização do concurso público feito há cerca de dois anos pelo prefeito que lhe antecedeu, com o intuito único de cancelar a homologação do certame, os “possíveis prejudicados” resolveram buscar o apoio dos seus legítimos representantes, os vereadores. O resultado disso é casa cheia em todas as sessões, muito barulho, aplausos e sonoras vaias, quando merecidas. Foi assim na primeira sessão e, na segunda não foi diferente. 

Olhando esse fator da ótica do vereador, diante de um grande número de eleitores, ele [vereador] se sente constrangido a trabalhar, a debater, a atacar e é claro, a se defender. Isso acaba gerando os consagrados embates que para os edis é estressante, mas para quem assiste é demasiadamente divertido e emocionante. O espectador se sente no campo de futebol torcendo por seu time do coração e a cada frase de impacto proferida vem a resposta do público com aplausos ou vaiais. 

Foi assim na última sessão do Legislativo de Prado ocorrida nesta segunda-feira (25/02). Quem se fez presente pode testemunhar embates fantásticos como o do vereador Gilvan da Silva Santos – ‘Gilvan Produções’ (PC do B) com o vereador Felipe Jose Tavares Marinho (PT do B). Gilvan apenas cobrou atendimento médico para o povoado de Limeira, segundo ele até hoje não foi nenhum médico atender àquela comunidade e, a educação segue no mesmo ritmo, as aulas voltaram em todo o município, mas a Escola Municipal de Limeira não pôde ainda receber os alunos daquela região. Além disso, o povoado enfrenta problemas com a falta d’água. Coincidência ou não, a comunidade de Limeira foi a única do interior onde a prefeita Mayra perdeu a eleição. 

O vereador Felipe Tavares se sentiu incomodado com as palavras do colega e partiu para a defesa da chefa do Executivo pradense argumentando que Mayra está na Prefeitura há apenas dois meses e que o vereador fazia parte de um Governo que não ofereceu Saúde de qualidade nem na sede do município, “agora você está enxergando, você foi funcionário do homem”, disse, e acabou premiado pelos presentes com um forte coro de vaias, alguns gritavam “quem vive de passado é museu”, outros falavam “vereador tem que fiscalizar sim”, mas o vereador não se intimidou e, continuou, “eu não admito dentro de dois meses o cara querer cobrar o que em quatro anos não aconteceu”, disparou. 

O fato é que o vereador Gilvan está cumprindo o seu papel de vereador, visitando suas bases e trazendo as reivindicações dessas comunidades, esse é o papel do vereador, os quatro anos que passaram, passaram e, ele, Gilvan, não estava na Câmara quando os desmandos apontados pelo vereador Tavares aconteceram. Pior que Tavares só o vereador Diógenes Ferreira Loures – o ‘Jorginho’ (PTC), que, com a Câmara cheia de aprovados no último concurso, teve a petulância de afrontá-los afirmando que o lugar deles não era ali, mas que eles deveriam manter plantão no Fórum porque é a justiça quem vai decidir, o resultado não poderia ter sido outro: _vaia e xingamentos direcionados ao vereador. 

O segundo round dessa luta aconteceu entre o vereador Augusto Jose Barreto Rodrigues (PP) e a representante do sexo frágil na Câmara de Prado, Professora Bruna Giorno Bomfim Santana (PC do B). Em tom de cordialidade, o vereador de situação tentou contestar as afirmações feitas pela colega da oposição durante a primeira sessão legislativa. 

Na sessão de abertura dos trabalhos legislativos, Professora Bruna leu em plenário parte do conteúdo da ‘Súmula 13 do Supremo Tribunal Federal’ e pediu aos moradores que observassem quem estava ocupando os cargos do município, dando a entender que podia estar havendo prática de nepotismo do Governo Mayra Brito. 

Augusto partiu pra defesa sugerindo que a vereadora estivesse se referindo a atual secretária de Educação, Ivana Brito, mãe da prefeita, “ela é agente política, ela não é servidora pública”, defendeu. Quanto a extensão de carga horária, outro ponto destacado pela vereadora Bruna na sessão passada, o vereador afirmou que acha muito melhor que dê 20 horas a um e 20 horas a outro porque vai empregar mais gente, “acho muito mais justo”, disse. 

Num aparte concedido pelo vereador Augusto, a vereadora Bruna contra-atacou, também de forma educada e cordial, afirmando que conhece o conteúdo da ‘Súmula 13’ e sabe que a contratação de parentes para cargos de agentes políticos não configura nepotismo, mas afirmou que “quando o seu requerimento for atendido e ela tiver em mãos os quadros com os referidos nomes, aí ela vai poder saber se é fato ou se é boato”, disse se referindo a um requerimento que foi aprovado solicitando informações da Secretaria de Educação. Sobre a extensão de carga horária, Professora Bruna afirmou que “não é o que o vereador Augusto acha ou o que a secretária acha, extensão de carga horária é o que está na lei 252/2010, tem que dá emprego ao povo sim, mas isso não pode impedir o direito do concursado de ter a sua carga horária dobrada de 20 para 40 horas”, defendeu. 

A vereadora ainda desabafou, “se enquanto fui secretária os vereadores que aqui estavam não defendiam os servidores públicos, problema de quem ficou aqui, porque enquanto fui secretária procurei ser a mais justa possível por isso fui apoiada pela classe dos professores que estão aqui”. Só nos resta aguardar pra saber como será o próximo capítulo dessa novela. E saber também se os sete vereadores estavam ou não com a razão quando decidiram mudar o horário da sessão, o termômetro será a presença do povo.

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