Casos de dengue aumentam em Itamaraju, mas município ainda não está em situação de risco

NILSON CHAVES - COCOBONGO

De uma hora pra outra, sem nenhuma explicação e pra surpresa até dos maiores entendidos no assunto, a cidade de Itamaraju foi do céu ao inferno em se tratando de dengue. Nas primeiras seis semanas de 2012 o índice de infestação por foco do Aedes aegypti em Itamaraju era de 0,7% e a cidade estava entre as que tinham índices de infestação satisfatórios com menos de 1%. A situação era tão cômoda que os moradores ouviam pelo rádio e viam na TV e nos Portais de Notícia, falar sobre problemas vividos por cidades vizinhas, como Teixeira de Freitas e Itabuna e, custavam a acreditar, dada a inexistência quase que total de casos da doença aqui no município. 

Pois é, mas parece que houve uma “revoada de mosquitos”, algo quase impossível de acontecer, aumentando em 190% o número de ocorrências de casos de dengue no Brasil e em 44% na Bahia. Em Itamaraju não foi diferente. Algumas pessoas tentam responsabilizar a Secretaria Municipal de Saúde e esquecem que o trabalho feito pela mesma equipe posicionou Itamaraju entre as cidades com menos casos de dengue no estado, posição de destaque, diga-se de passagem. Por isso é muito precoce ficar atirando pedras ou tentando encontrar um culpado para o problema, porque nós estamos diante de um fenômeno, não pode existir outra explicação. 

Em 2012, o LIRAa - Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti, que identifica os criadouros predominantes e a situação de infestação por município, e permite o direcionamento das ações de controle para as áreas mais críticas, apontou que a Bahia tinha 4 municípios apenas (Itamaraju fazia parte dessa lista seleta) em situação satisfatória (veja quadro). Os demais estavam em situação de alerta (13) e em situação de risco de surto (22). 

Só para que o leitor compreenda, a situação satisfatória é para municípios com menos de 1% de infestação, a de alerta mais de 1% até 3,9%, e, a de risco ocorre quando o município ultrapassa a última marca, ou seja, acima dos 3,9% de infestação. 

No mesmo período o Brasil tinha 180 municípios em situação satisfatória, 265 em situação de alerta e 91 em situação de risco de epidemia. Vale lembrar que nem todos os municípios do Brasil participam do LIRAa. Se o leitor comparar os dados do ano passado com os dados desse ano, vai entender que o crescimento foi absolutamente inexplicável. Na Bahia o número de municípios em estado de alerta aumentou de 13 para 25, enquanto os classificados como em risco cresceram de 22 para 29. 

No extremo sul, Itamaraju não está mais em situação satisfatória (abaixo de 1%), mas também não está em estado de risco de epidemia, o município apresentou nas primeiras semanas de 2013 taxa de infestação de 1,9%, por isso foi para a faixa de alerta. O município em melhor situação na região é Eunápolis com 1,7% de infestação, também em estado de alerta. Itabela apresenta até agora o pior resultado da região, 5,8%, o que põe o município em situação iminente de surto. 


O fato curioso é que cidades importantes da região, inclusive sedes de Macro e Micro região na Saúde, como Teixeira de Freitas e Porto Seguro, respectivamente, não enviaram os dados do LIRAa para o Ministério da Saúde. Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas se desconfia que os governos dos dois municípios, governando a menos de dois meses, não tiveram tempo de se organizar para combater a endemia, se isso realmente tiver acontecendo é lamentável. 

Em entrevista ao Programa Tribuna Popular da Rádio 99 FM, a secretária Jane Matos, da Saúde do município de Itamaraju, afirmou que nesta quinta-feira (28/02), vai mobilizar toda equipe de agentes de endemias e vários servidores do município em um mutirão de recolhimento de objetos que possam acumular água da chuva. Nas primeiras horas da manhã equipes sairão dos PSF’s dos bairros, em direção ao Centro da cidade, coletando esses materiais, “quero pedir às comunidades que nos ajude nisso, nós estamos nos empenhando ao máximo, mas sem o apoio da coletividade é praticamente impossível alcançarmos o nosso objetivo que é o de afastar a dengue de Itamaraju”, disse. 

Questionada sobre a sucata localizada no estacionamento do Complexo Policial de Itamaraju, a secretária afirmou que uma equipe já tem cuidado para que aquele local não se transforme em um problema crônico de infestação, “nós temos em nosso pessoal uma equipe encarregada de visitar locais como o Complexo e a cada 15 dias essa equipe vai ao local e aplica o produto que bloqueia o mosquito”, explica. 

Jane Evangelista encerrou a entrevista afirmando que está aguardando uma autorização do Ministério Público para enviar agentes de endemias aos imóveis que se encontram fechados e estão com suspeita de foco. Ela também lembrou que as pessoas que souberem de locais infestados, ou que podem dar condição para que o mosquito se reproduza, que elas liguem para o telefone da Saúde 3294-3079 que uma equipe irá se deslocar até o local.

Comentários