Prefeitura de Itamaraju e APLB/Sindicato anunciam fim da greve
POR NILSON CHAVES
Depois
de 79 dias de mobilização, 39 destes em paralisação, chegou ao fim a greve dos
servidores da Educação no município de Itamaraju. A decisão pelo fim do
movimento foi tomada na última terça-feira, dia 12, em assembléia com a
categoria, depois de duas rodadas de negociação ocorridas na semana passada. De
acordo com a secretária de Finanças do município, Lucilene Alves Curvelo, a
retomada das negociações, da parte da Prefeitura, ocorreu por determinação do prefeito
Manoel Pedro Rodrigues Soares (PSD).
Inicialmente,
os professores queriam o reajuste de 22,22%, mesmo percentual de atualização do
Piso Nacional da Educação, mas a Prefeitura alegava não dispor de limite
fiscal, nem de recursos suficientes para dar o reajuste. Por conta disso, a Operação
Tartaruga iniciada no dia 2 de abril, com o comprometimento da metade da carga
horária normal, acabou evoluindo para uma paralisação por tempo indeterminado a
partir do dia 7 de maio.
Felizmente,
de ambas as partes, tanto da Prefeitura Municipal quanto da APLB/Sindicato e
categoria, houve uma compatibilidade de pensamento no sentido de entender que
os maiores prejudicados com a paralisação eram os alunos. A partir daí o embate
acabou encaminhando para um consenso com ambas as partes cedendo para se
alcançar um desfecho favorável à Educação.
A
secretária Dilce da Silva Moura, da Educação, informou que o Sindicato
apresentou uma proposta, a Prefeitura fez uma contraproposta, mas o que acabou
imperando foi um percentual intermediário entre uma e outra.
No
acordo assinado entre a Prefeitura Municipal de Itamaraju e a APLB/Sindicato
ficou definido que os servidores do quadro suplementar, ou seja, àqueles que
possuem apenas o magistério e que recebiam abaixo do Piso, seriam contemplados
com 22,22% de reajuste, tendo seu salário-base elevado de 593,98 para 725,50.
Estes servidores representam aproximadamente 30% do total de servidores da
Educação e, o reajuste, já permitia afirmar que ninguém, no quadro da Educação
no município de Itamaraju, estava recebendo abaixo do Piso Nacional.
Entretanto,
havia a necessidade também de conceder um reajuste para os demais servidores e,
estes também foram contemplados, mas com um percentual menor, 11%, o que
corresponde à metade do que era reivindicado. A informação passada nesta
sexta-feira (15/06) pela secretária Dilce Moura, com a concordância dos
diretores do Núcleo de Itamaraju da APLB/Sindicato, de que cerca de 30% dos
servidores estavam recebendo salário-base abaixo do Piso Nacional só vem
confirmar as informações passadas anteriormente pela própria secretária de que
a maioria já estava recebendo acima do Piso Nacional.
Agora,
de fato, inclusive com confirmação dos próprios diretores do Sindicato, nenhum
servidor da Educação recebe abaixo do Piso Nacional da Educação em Itamaraju e,
este, é mais um fato positivo ocorrido na atual gestão. O mesmo prefeito que
deu no ano passado o maior reajuste concedido aos educadores dos últimos 10
anos, que foi o primeiro a equiparar os salários pagos no município ao Piso
Nacional da Educação, desta vez cedeu em parte ao que era reivindicado pela
categoria.
No
entanto, a secretária de Finanças fez questão de deixar claro que nada mudou do
início da paralisação até seu desfecho. “Nós continuamos com as mesmas
dificuldades, temos a Lei de Responsabilidade Fiscal que nos impõe limites,
temos também o limite de recursos, mas mesmo assim o prefeito resolveu atender em
parte o que era cobrado porque entendeu que a paralisação estava prejudicando
os docentes da rede municipal. Eu quero deixar claro, o Sindicato já está a par
disso, nós temos recursos em caixa que garanta, talvez, o pagamento nos
próximos dois meses, mas se tivermos queda na arrecadação, ou se não
conseguirmos a complementação do MEC, a situação vai se complicar. Todos sabem
que o atual gestor tem primado pelo pagamento rigorosamente em dia de todos os
servidores, mas isso pode ser comprometido se houver diminuição na arrecadação”,
alerta Curvelo.
Quanto
ao não pagamento dos servidores em greve, a secretária informou que foi
acordado com o Sindicato de que assim que for definido um calendário de
reposição dos 39 dias letivos (29 de paralisação e 10 relacionados às horas dos
23 dias da Operação Tartaruga), a Prefeitura vai depositar os valores devidos,
mesmo antes da reposição. De acordo com o novo presidente do Núcleo Itamaraju
da APLB/Sindicato, Lusiedson Moreira Barbosa, esse cronograma já foi elaborado,
discutido com a Administração e será apresentado em assembléia para a
categoria, para apreciação e posterior aprovação. Isso deve ocorrer na próxima
terça-feira, dia 19, às 17h30, na Câmara Municipal de Itamaraju.
O
presidente também informou que a assembléia foi marcada para terça porque depois,
os professores vão participar da sessão na Câmara e acompanhar a votação do
Projeto de Lei do reajuste. De acordo com o cronograma apresentado, os alunos
da rede municipal de ensino não terão recesso de meio de ano e terão que
estudar aos sábados e feriados para cumprir os 200 dias letivos até 15 de
dezembro.
A
reunião também serviu para se colocar em pratos limpos algumas informações
inverídicas divulgadas por alguns meios de comunicação de Itamaraju como o
boato de que o Ministério Público estava ameaçando barrar a festa de São João
por conta da greve e o de que a Prefeitura estaria utilizando recursos do FUNDEB,
exclusivos da Educação, para custear a festa. Para Lucilene, nenhuma dessas
informações é verdadeira, “o dinheiro para a realização da festa é próprio do
município e é bom também que fique claro de que não houve nenhuma espécie de desvio
do FUNDEB nessa gestão”. Já o Sindicato afirmou que em nenhum momento fez tais
afirmações, “se houve essa notícia, podem ter certeza que não partiu do
Sindicato”, enfatiza Daniel Silva Meireles, tesoureiro da APLB/Sindicato.
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