Crônica: O discurso do caos na Saúde de Itamaraju



Nos últimos dias, a Saúde Pública de Itamaraju tem sido comentada em vários veículos de comunicação da região. Isso por conta das mortes de pacientes que passaram pelo Hospital Municipal de Itamaraju e outros que acabaram vindo a óbito na própria unidade.

Não existe nenhuma palavra que possa descrever a dor de alguém que perde um ente querido. Por isso, não se pode questionar o comportamento de um pai ou mãe que vê sua filha, ainda bebê, morrer numa unidade de saúde, em razão de quaisquer motivos; seja falta de estrutura do equipamento médico, seja pela próprio gravidade do quadro clínico do paciente.

Entretanto, é inadmissível, ouvir nas rádios, ou ler nos sites, mantidos por políticos inescrupulosos e descompromissados com a dor alheia, textos tendenciosos e unilaterais, que tentam claramente, tirar vantagem dos óbitos ocorridos no HMI.

O fato verídico é que o Hospital Municipal de Itamaraju, desde a época do antigo Regional, sempre apresentou déficit de aparelhos tecnológicos que pudessem dar plenas condição de trabalho aos seus profissionais.

Sempre foi assim, mas os profissionais de imprensa, pagos pelos políticos que se dizem os salvadores da pátria, direcionam seus editoriais para a culpabilidade do atual gestor, que, diga-se de passagem, assumiu o município há dois anos e tem conseguido arrumar a casa. Prova disso são os pagamentos de servidores e fornecedores rigorosamente em dia e, o dinheiro em caixa para a conclusão de obras emergenciais e limpeza pública.

O mais grave de tudo não são as ofensas proferidas contra o gestor e seus secretários. Isso faz parte, afinal, estamos nos aproximando de mais um processo eleitoral, e nessa ocasião, é comum ver os que estão dispostos a qualquer coisa para chegar ao poder. Se preciso for, vendem até a alma para o diabo.

O mais grave, no entanto, é que estão destruindo e atacando a imagem de um equipamento que, apesar de tudo, sempre foi muito útil, aliás, essencial à comunidade itamarajuense. Basta ver o número de atendimentos do último mês de março.

Foram 5.427 atendimentos, sendo 427 destes só no setor de maternidade. No pronto socorro adulto foram 3,564 mil ocorrências, contra 1,439 mil do pronto socorro infantil. No mesmo período, o HMI atendeu a 100 acidentados por moto, 26 por carro, e 14 por bicicleta.

Sendo assim, não se pode atirar pedras nesse equipamento. Existem problemas, mas também existe um histórico imenso de imprescindíveis serviços prestados.

Um determinado site publicou um comentário de um leitor fazendo apologia ao crime, o qual incitava à depredação do HMI, “Deveria ter chamado mais pessoas para ajudar a quebrar o resto dessa coisa que se diz HOSPITAL, essa vergonha, açougue humano”, diz o comentário.

Um apresentador de um programa veiculado numa rádio de Itamaraju, pertencente à família de um deputado estadual, o mesmo que não queria que os portadores de necessidades especiais andassem em seus ônibus gratuitamente, chegou a afirmar: _ qualquer semelhança do Hospital Municipal de Itamaraju com um açougue não é mera coincidência.

Um discurso dessa natureza é um desserviço sob todo e qualquer ponto de vista.

Outro dia, ouvindo o secretário de Governo de Itamaraju, Luciano Reis Porto, este disse que “estão tentando passar uma idéia de que nada funciona no HMI, estão promovendo uma espécie de demonização do equipamento público”.

O secretário disse que não se pode fechar os olhos aos problemas existentes, mas também não se pode omitir, como estes veículos tem feito, que o gestor, desde que assumiu a Prefeitura há dois anos, tem se empenhado para resolvê-los.

Porto lembrou que no início do último mês de março, esteve em Itamaraju a pediatra, neonatologista e sanitarista, Maria Conceição Benigno Magalhães, responsável pela Diretoria de Programação e Desenvolvimento da Gestão Regionalizada (DIPRO), da Secretaria de Saúde do estado da Bahia.

Doutora Conceição foi convidada pela Secretaria Municipal de Saúde de Itamaraju, por determinação do prefeito Manoel Pedro, a fazer uma avaliação técnica e dar um apoio institucional ao fortalecimento da gestão local.

"O foco é o HMI, por isso começamos por ele, estamos fazendo um diagnóstico dos principais problemas e fragilidades, e sugerindo soluções, a partir daí será elaborado um plano de trabalho com ações e metas qualitativas e quantitativas com o objetivo de melhorar a gestão”, disse na ocasião Dra Conceição.
Dra Conceição

A diretora explicou que o problema da Saúde não é só no município de Itamaraju. Para ela existe um excelente sistema de saúde em lei, um dos melhores no mundo, mas por outro lado o sub-financiamento da saúde acaba prejudicando o projeto.

Com o objetivo de apurar as responsabilidades nos casos das mortes ocorridos no HMI, que foram objeto de denúncias, o prefeito Manoel Pedro Rodrigues Soares, após promover quatro reuniões seguidas com funcionários, profissionais e dirigentes da Saúde Pública do município, determinou, no início deste mês, a instauração de uma sindicância administrativa.

A representante do Ministério Público, inclusive, já foi acionada, e se quiser vai poder acompanhar todo o trabalho feito durante a sindicância. Prova de maior lisura e transparência não há.

Eu não poderia concluir esse pequeno texto sem fazer um questionamento: _Temos visto algumas iniciativas de deputados como Paulo Magalhães (PSD), Edson Duarte (ex-deputado do PV) e até Fabrício Falcão (PC do B), contribuindo com obras para Itamaraju como o calçamento das ruas do Bairro Jaqueira, a quadra poliesportiva do São Bernardo e os equipamentos para o HMI, respectivamente.

Fabrício Falcão teve, inclusive, apenas um voto em Itamaraju, mesmo assim tem ajudado o município. A pergunta que não quer se calar é: _Onde estão os deputados do município? Cadê o deputado estadual mais bem votado de Itamaraju (8.569 votos), Ronaldo Carletto? E quanto ao federal mais bem votado (5.594 votos) Valmir Assunção e seu estadual (1.914) Marcelino Galo? Onde estão esses homens? Porque não fazem nada para ajudar a Saúde do município?

A verdade é que estes homens não se interessam pela solução do problema, essa é a única justificativa, eles querem mesmo é ter um assunto pra bater e criticar, mas não querem resolver. O povo de Itamaraju deve estar atento a isso.

Por Nilson Chaves

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