Sem-terra é flagrado caçando em área da Cafenorte Agrícola
Ele foi conduzido para o Complexo Policial de Itamaraju e vai
responder por porte ilegal de arma de fogo
Delegado Gean Nascimento |
Não obstante os inúmeros avisos
da proibição da caça e pesca na área da Fazenda Cafenorte Agrícola, os adeptos
dessa prática continuam investindo na ação. Na tarde da última sexta-feira, 10
de fevereiro, funcionários que monitoram a área de mata da propriedade
flagraram se dirigindo para a mata, o itamarajuense Ademilson Costa Jesus, 50
anos, vulgo ‘Timborana’, morador do Acampamento Sem Terra ‘Jaci Rocha’,
localizado à margem da rodovia BR-101, nas proximidades da Fazenda Colatina.
De imediato, o gerente da
Cafenorte acionou a polícia. A ocorrência foi atendida pelo investigador
Jackson Rosa, que conduziu o caçador para o Complexo Policial de Itamaraju. Com
o sem-terra Ademilson, que é pedreiro e se disse evangélico, a polícia
encontrou duas espingardas, calibres 20 e 32, e seis artefatos utilizados para
matar caça, popularmente chamado de ‘trabuco’.
Em depoimento à autoridade
policial, o mesmo admitiu que ia caçar e que quando foi abordado pelos
funcionários da Cafenorte, disse que estava indo pescar numa cachoeira. Ele também
falou que, esta, foi a primeira vez que resolveu caçar na área da fazenda.
O sem-terra confirmou ser o dono
das armadilhas [trabucos] e quando questionado pelo delegado Gean Carlos
Nascimento, se ele sabia que caçar é crime, ele respondeu afirmativamente,
acrescentando que estava indo caçar por necessidade, alegando que precisava
comer porque a vida de acampado é muito difícil e eles não recebem nenhuma
ajuda em alimentação.
Apesar de ter assumido em
depoimento que estava indo caçar, para a autoridade policial ele não pode
responder por crime ambiental, porque faltou a materialidade do crime, ou seja,
ele não foi pego com caça. Entretanto, Ademilson foi indiciado por porte ilegal
de arma de fogo, enquadrado no Artigo 14 da lei 10.826/2003 e vai responder por
isso.
A Fazenda Cafenorte Agrícola
possui cerca de mil hectares de área destinada à preservação permanente. Uma área
de mata nativa intocada que tem se tornado o refúgio de várias espécies, entre
estas, corsa, tatu, macaco, quati, paca, teiú, tamanduá e várias outras. Os
bichos acabam atraindo os adeptos da caça.
Nos últimos meses, de acordo com
o gerente da fazenda, os flagras em caçadores e pescadores, no local, têm
acontecido com muita frequência. O gerente, Florisvaldo Reis da Conceição –
‘Chiquinho’, já havia antecipado ao Portal de Notícias Cocobongo que, não mais
iria liberar os caçadores flagrados no interior da propriedade, “estou
avisando, a partir de agora vamos chamar a polícia”, disse.
A Cafenorte já havia fixado várias
placas informando sobre a proibição da caça e pesca. “É crime caçar e pescar nesta
‘Área de Preservação Permanente’, com pena de detenção, de acordo com a Lei
9.605/1998”, alertam as placas. Mesmo assim, a prática continuava ocorrendo
sempre nos finais de semana.
Além de adentrarem a Fazenda
armados, os caçadores deixavam no local os trabucos, que acabavam atingindo
animais sem nenhum critério. Recentemente, os trabalhadores encontraram uma
corsa morta no meio do cafezal, atingida na perna por um tiro do artefato,
“esse animal morreu agonizando, porque eles armaram o trabuco pra pegar um
animal de pequeno porte e acabaram atingindo um de grande porte, nós
encontramos o bicho morto”, enfatiza Chiquinho.
Animais prenhes também acabavam
atingidos e, recentemente, um funcionário que estava limpando uma área de café
próxima da mata, por pouco não foi atingido pelo disparo do trabuco, “o tiro
pegou em um copo que estava pendurado na cintura do trabalhador”, disse,
contando que cachorros também são atingidos por tiros de trabuco frequentemente.
É bom que esse episódio com o
sem-terra Ademilson sirva de exemplo e que as pessoas entendam de uma vez por
todas que caçar é crime e, quem for flagrado nessa prática terá que responder
judicialmente por isso.
Por Nilson Chaves
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